domingo, 3 de julho de 2011

Encontro Marcado

Esta semana precisei ir ao Hospital de Base para pegar uma receita com meu médico. Não era dia de consulta marcada, mas ele sempre atende aos pacientes que precisam de uma “rapidinha”. Então fui. Ele é multitarefado no hospital. Preceptor atende no ambulatório, faz cirurgia, atende aos pacientes internados e Ufa! Atende no Pronto Socorro. Esta quinta era justamente dia do Pronto Socorro. Quando cheguei já havia mais outros dois pacientes aguardando por ele,e um deles garantiu que o médico estava no bloco cirúrgico, mas voltaria para o pronto socorro por volta do meio dia. Ainda não era nem onze horas, mas resolvi esperar.



Aproveitei a deixa, para puxar assunto. Disse que estava aguardando o médico para pegar uma receita da medicação da esclerose múltipla. Ele se interessou e fez uma monte de perguntas sobre o tema. Se doía se era muito difícil, se eu podia trabalhar, se eu já fiquei sem andar. Eu disse que não era nada tão complicado como às vezes se lê. Que eu tive poucos surtos, levava uma vida pra lá de normal, trabalhando cuidando da casa, tendo dividas enfim. Caminhando. Disse que nem tudo são flores que o cansaço é grande, o que às vezes nos atrapalha um pouco. Pelo olhar assustado que ele tinha imaginei que sua curiosidade ia muito além de uma possível preocupação comigo, ou simplesmente informação.



Eu tive um problema no olho,ele disse. confirmando minhas suspeitas. Neurite? Perguntei. Sim,ele respondeu.Hum, eu comecei assim. Em seguida me arrependi de ter dito isso. O garoto estava tão assustado. Pois é, vim trazer um exame hoje, para o médico ver. Para tirar a duvida se é ou não EM. Que chato. Olha vai dar tudo certo, não vai ser. Mas se for não se assuste não. Só se cuidar. Você está com o melhor medico da cidade. Vai dar tudo certo. Por dentro eu lamentava por ele, não pela doença, mas pelo susto.



Naquele momento eu fiz o máximo que deu. Mas gostaria de ir mais além e tentar ajudar outras pessoas que estão se descobrindo portador de Esclerose Múltipla. Sei que é difícil comparações até pelo fato da EM se apresentar diferente para quase cada um dos seus portadores, ainda assim temos mais em comum do que diferenças. Hoje após dois anos e meio de diagnóstico já passei pelo susto, pela negação, pela apatia, depressão, raiva e enfim sosseguei. Assumi o tratamento com o interferon, busquei ajuda de terapia, da Yoga, caminhadas e estou fazendo até aula de inglês. Até internalizar esta rotina optei por trabalhar apenas seis horas.


Doença crônica sem cura, precisamos a cada dia melhorar a convivência com ela.

Até!





(...) fazer da queda um passo de dança!


Encontr Marcado-Fernando Sabino







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